terça-feira, 7 de abril de 2009

Um dia você aprende que...

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar a alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante, com graça de um adulto e não a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair meio em vão.

Depois de algum tempo, você aprende que o sol queima se ficar a ele exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que, não importam quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando, e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá para o resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos, se compreendermos que os amigos mudam. Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com que você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso, devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm muita influência sobre nós, mas que nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você pode ser. Descobre que leva muito tempo para se chegar aonde está indo, mas que, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute, quando você cai, é uma das poucas pessoas que o ajudam a levantar-se. Aprende que a maturidade tem mais a ver com tipos de experiências que se teve e o que se aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais de seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes, e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva, tem direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama mais do jeito que você quer não significa que esse alguém não o ame com todas as forças, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, e que algumas vezes, você tem que aprender a perdoar a si mesmo.

E que, com a mesma severidade com que julga, será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára, para que você junte seus cacos. Aprende que o tempo não é algo que se possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende realmente que pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir mais longe, depois de pensar que não pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

(Willian Shakespeare)

quarta-feira, 18 de março de 2009

O que será

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

(Chico Buarque - 1976)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Como roubar um coração!

Para se roubar um coração é preciso que seja com muita
habilidade, tem que ser vagarosamente,
disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se
alcança o coração de alguem com pressa. Tem que se
aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se
dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que
percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que
furta-lo, docemente. Conquistar um coração de verdade
dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer
uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um
vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É
necessario que seja com destreza, com vontade, com
encanto, carinho e sinceridade. Para se conquistar um
coração definitivamente tem que ter garra e esperteza,
mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo
da esperteza de sentimentos, daquela que existe
guardada na alma em todos os momentos. Quando se
deseja realmente conquistar um coração, é preciso que
antes ja tenhamos conseguido conquistar o nosso, é
preciso que ele ja tenha sido explorado nos mínimos
detalhes, que ja se tenha conseguido conhecer cada
cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar
cada espaço vago...e então, quando finalmente esse
coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado
dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá
conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós
e o nosso coração passará a bater por conta desse
outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas
com certeza haverá instantes, milhares de instantes de
alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por
que?
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Ate que um dia, cansado de estar dividido ao meio,
esse coração chamará a sua outra parte e alguém por
vontade própria, sem que precisemos rouba-la ou
furta-la nos entregará a metade que faltava... e é
assim que se rouba um coração, facil não? Pois é, nós
só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na
nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só
por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a
fora que dizem que nunca mais conseguiram amar
alguém... é simples...é porque elas não possuem mais
coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito,
e somente com um grande amor ela terá um novo coração,
afinal de contas, corações são para serem divididos, e
com certeza esse grande amor repartirá o dele com
você...


(Luis Fernando Veríssimo)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Você tem experiência?

Dizem que esse texto foi feito por um candidato em uma entrevista na Volkswagen em resposta a seguinte pergunta: Você tem experiência?
Não sei bem os detalhes ou a verdadeira história, mas o texto é bacana.

Já fiz coceguinhas na minha irmã só pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Já peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.

Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.

Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.

Já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro.
Já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua.
Já gritei de felicidade.
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre,
mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e que a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção,
Guardados num baú chamado coração
e agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:

"Qual sua experiência?"

Essa pergunta ecoa no meu cérebro:
Experiência... experiência...
Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência?
Não!
Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora, gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:
Experiência?

Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?